Sabe? Tropeçar não é problema. Mas apegar-se à pobre da pedra…
esse é O problema!
É o ego que nos faz apegar às coisas: gosto do meu carro, gosto da minha casa, gosto do meu emprego,
gosto disto e daquilo, como se o facto de eu gostar lhes acrescentasse algum valor. E é também o ego que nos faz desgostar das mesmas
coisas, na medida em que não gosto do meu carro porque sei que merecia muito
mais do que o que tenho, porque se existe no mundo melhor, porque não para mim?
Até aqui compreende-se, certo? Ou aceita-se, vá… 😏
E se eu substituir “coisas” por pessoas? Será difícil
perceber que me apego a este(a) ou aquele(a) porque acho que me faz feliz, que me faz
sentir bem?… E que deve ser por isso que é tão difícil gerir a rejeição, quando
ela acontece? Ou a perda dos entes queridos, mesmo quando acreditamos que
partiram para estar com Deus? Alguns até… como dizer? Alguns até por fim encontram
um consolo enorme na ideia de que os que partiram ficam a velar pelos que
ficaram, como se a eternidade – seja lá isso o que for – se possa resumir numa
ideia tão egóica como permanecerem presos a esta coisa pequenina que somos nós?
Nós?! 😇
E então se eu substituir “coisas”… por doenças? Hmmm… muito
mais difícil!!! Normalmente as pessoas olham para mim com o ar desesperado de
quem pensa “credo, a mulher é maluca! Que faço eu aqui?” quando eu lhes digo que
para se curarem precisam desapegar-se do seu estado de doença. E, no entanto…
Há pessoas cujo único tema de conversa é a sua doença. Sim,
chamam-lhe mesmo “sua”, alguns até a si próprios se tratam por doentes, enfatizando
os seus handicaps até ao limite da paciência de quem os ouve. Querem atenção e
julgam que a terão através das suas infelicidades. E esse é o problema: querem
atenção – e só o ego quer uma coisa dessas. Eu costumo dizer “a porra do ego”,
porque na verdade só o ego é capaz de preferir ver-nos doentes, desde que isso
chame a atenção de alguém. A porra do ego. Pense nisso, que o ego é a pedra em
que todos tropeçamos.
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